Tuesday, March 31, 2009

PENSAMENTO SELVAGEM com Desidério Murcho

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O Professor enveredou hoje por outras águas que me fez dar uma espreitadela à estante dos livros, à procura do tal "Canino branco" de que nunca tinha ouvido falar.

Bem procurei, entre uns bons dez livros do mesmo Jack London. Nada!

Valeu-me a minha cara metade que me foi buscar o dito - estava fora da estante - com um título um bocado diferente, "Colmilhos brancos", que será o livro mais conhecido do Jack London. Santa ignorância a minha, carago!

Porreiro, pá, aprendi mais uma palavra: colmilho = canino.

E esta, hã?! diria o falecido Pessa, esguio canastrão das reportagens urbanas...

O apelo da selva é de facto um livrinho muito interessante, mas o que o nosso filósofo refere do outro livro, o tal "Canino branco", deixou-me com curiosidade.

Vou, pois, voltar ao Jack London muitos anos depois de o ter lido pela última vez.

É só acabar (não deve durar mais que duas noites...) o "Jogos Africanos" do Jaime Nogueira Pinto (muito, muito bom!) e vou-me a ele.

Do livro do Jaime Nogueira Pinto não digo mais nada hoje: merece um post à parte. É um livro à parte.

In the meantime, read the man!

Friday, March 27, 2009

O POLITICAMENTE CORRECTO E A CENSURA

Com a retirada do anúncio da RTP 1 em que se dizia que as manifestações são comtra quem quer chegae cedo ao trabalho (enfim, mais ou menos isso), ficámos a saber que o politicamente correcto continua na vanguarda.

Os sindicatos miaram, a esquerda espirrou, o bloco de (extrema) esquerda perorou e... a direcção da RTP1 apressou-se a retirar o anúncio.

E a Eduarda Maio não ter ido para o olho da rua já foi uma sorte...

Veja e oiça o anúncio e perceba o que é que esta gentalha considera um grave atentado contra a democracia, contra a Constituição e sei lá que mais.

O DA DOR DE CABEÇA...

Correndo o risco de vos chatear com algo que já conhecem, aqui vos deixo umas frasezinhas engraçadas.

Eu (ai de mim...) só conhecia a última e achei piada a quase todas:

Qual é a única comida que liga e desliga? O Strog-On-Off.

Como é que se fazem omeletas de chocolate? Com ovos da Páscoa.

O que é que um tomate diz para o outro? Tomatas-me

O que é que um tubarão diz para o outro? Tubaralhas-me.

O que é que uma impressora diz para a outra? Essa folha é tua ou é impressão minha?

Como é que duas enzimas fazem amor? Uma enzima da outra.

Diz a massa para o queijo: Que maçada! Responde o queijo: E eu ralado!

Sabem quando é que os americanos comeram carne pela primeira vez? Foi quando lá chegou o Cristovão Co-lombo

O que é que uma árvore de Natal tem em comum com um padre? Em ambos os casos, as bolas só servem para enfeitar...

No hospital, diz o médico:- O senhor é o dador de sangue? Não, eu sou o da dor de cabeça!

Wednesday, March 25, 2009

LÍNGUA PÁTRIA, com Desidério Murcho

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O Prof Desidério apresenta-nos esta terça feira uma reflexão sobre língua portuguesa e "nacionalismo".

Sobre a tineta de regulamentar a todo o custo a língua, Desidério Murcho ilustra e explica essa atitude:

"... a língua portuguesa tem que ser preservada a qualquer custo, incluindo contra a vontade das pessoas que a falam".

"porque os portugueses não podem já ter veleidades imperiais, transferiram para a língua estes sentimentos".

Cita a tão conhecida frase de Fernando Pessoa "a minha Pátria é a língua portuguesa" mas, para variar, apresenta frase completa, o que nos dá um Fernando Pessoa muito mais preocupado com o uso rigoroso da língua e menos (nada) com a sua "representação" da Pátria.

Read the man!

Saturday, March 21, 2009

O PAPA E A TINETA DA PADRALHADA PELO SEXO...

Não me choca nada que os católicos sejam contra a contracepção (e não só contra a camisa de Vénus - era assim que se chamava, lembram-se?), contra o sexo antes do casamento e que tenham por planeamento familiar a vontade de Deus. É a fé deles, é a regra da igreja deles.

Mas sempre me fez uma confusão do caraças ao espírito que o sexo esteja sempre no centro das preocupações da padralhada, não como assunto pessoal com que têm que lidar (melhor ou pior...) mas como um aspecto da vida dos crentes em que se sentem com direito, obrigação e dever de meter a sua colherada. E vá lá, vá lá, quando se ficam pela colherada...

Será que a vida sexual das ovelhinhas tem mesmo assim tanto que ver com a doutrina do Cristo?!

Por muito que puxe pela cachimónia para me lembrar da doutrina, que me foi familiar durante muitos anos, não encontro nenhum destaque especial para a vida sexual dos crentes que justifique esta desproporcionada e descabelada intromissão da padralhada.

Pior ainda: a ICAR impinge às criancinhas uns dez mandamentos "trabalhados" no sentido de lhes apresentar o sexo como uma coisa pecaminosa, a evitar a todo o custo até se ter um casamento abençoado pelo "Senhor" que permite umas quecas que poderão dar em filhos, se o tal Senhor assim o quiser.

Lembro-me que o sexto mandamento era "Guardar castidade nas palavras e nas obras" e o 9º "Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos". Veja os 10 mandamentos na fórmula da catequese aqui (um pouco abaixo da abertura).

Ora, se lermos a Bíblia católica, coisa que a catequese está longe de encorajar, o que vemos lá é, "Não cometerás adultério" (a Bíblia, Êxodo 20, versículos 1 a 17, não numera os mandamentos) e "Não desejarás a casa do teu próximo, nem a sua mulher nem o seu servo, a sua serva, o seu touro, o seu jumento e tudo o que é do teu próximo". Veja mais aqui e acoli .

Na lista oficiosa dos mandamentos, os católicos individualizam o "Não cobiçarás a mulher do próximo", 9º mandamento, separando-o do 10º, "Não cobiçarás a casa do teu próximo", seguindo Santo Agostinho.

Parece-me um óbvio abuso uma vez que na Bíblia, claramento se junta a mulher às "coisas" que são propriedade do nosso vizinho, que não devemos cobiçar. Em nome, parece-me, da paz social entre as diletas ovelhinhas.

Nesta linha, como boa regra de convivência social, não se deverá levar a cobiça (apontada como um pecado em si mesma) a vias de facto, "possuindo" a mulher do próximo. Ou seja, a cobiça dos bens do próximo é pecado e a posse desses bens também o é seja a posse da mulher, "Não cometerás adultério", seja a posse dos outros bens "Não roubarás".

Onde está a recomendação da castidade e a condenação da promiscuidade entre solteiros?

Só na mente desses devassos de sacristia, desses bardamerdas de saias.

O nosso António é que a sabe toda e meteu uma camisa de Vénus na tola tola do Papa Ratzinger.

Friday, March 20, 2009

LUANDA A CIDADE DOS PORES DE SOL DESLUMBRANTES

CONCORDA?
... E CONCORDA COM ESTE PLURAL DE POR DE SOL?

Wednesday, March 18, 2009

AS FOLHAS DA COUVE

Caríssimos leitorzinhos, dêem uma espreitadela aqui e deliciem-se com os textos da Mac, curtos mas bem escritos e muito certeiros.

Dois exemplos do último post:

Sobre o travesseiro, "... aconselha-nos com bons conselhos, embora a malta não oiça porque está a dormir."

Sobre a cama, "a cama tem poderes...é assim uma espécie de são-bernardo da vida, com reconstituintes poderosos ao pescoço."

Não percam.

PENSAR OUTRA VEZ COM DESIDÉRIO MURCHO

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Desculpem-me lá só hoje aqui colocar a coluna do prof Desidério, publicada ontem na P2.

E desculpem-me também não comentar; aliás a fraca postagem das últimas semanas sugere bem que ando cheio de trabalho.

Se ele faltasse é que era odiabo! Em tempo de crise, que mais podia desejar?!...

COPOS NA PEDRA

Vejam a sabedoria do tipo aqui ao lado. Sublime!

Tuesday, March 10, 2009

A PALLA DO DR JOAO SOARES...

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Com a visita a Portugal do Presidente Angolano, 'tava-se mesmo à espera que os dois cavaleiros andantes do Savimbismo, João e Maria Antónia, viessem a público, no Público, lembrar-nos as suas verdades. E quais são elas?

  1. Que José Eduardo dos Santos não é Presidente eleito de Angola;
  2. Que o Dr Jonas Malheiro Savimbi, contra o que dizem os mal informados e os mal intencionados (?) aceitou o resultadio das eleições de 1992 e estava disposto a ir à 2ª volta das ditas;
  3. Que o MPLA deu um golpe em que massacrou milhares de apoiantes da Unita e regressou-se à guerra civil;
  4. Pelo caminho de uma eleição presidencial fixcou o cadáver do opositor de José Eduardo, o Dr Savimbi...

Aparentemente, tudo verdade. Enfim, quase tudo: Savimbi baldou-se mesmo à segunda volta e só não o terá feito de imediato para continuar a facturar o que foi a sua mais valia das eleições, a ocupação militar, paulatina, de território.

De facto, desde que a trégua começou, durante a campanha eleitoral e no período de impasse a seguir às eleições, a Unita ocupou cidades, vilas e aldeias, do seu território histórico, o planalto central, até à margem do Zaire, onde nunca tinha tido qualquer expressão.

Foi uma verdadeira campanha de conquistas a que o MPLA fez vista grossa (mas preocupada), ante o controlo da ONU (com Margaret Anstee à frente) e do escrutínio de toda a comunidade internacional, até não poder mais ficar sem reagir. Manter a passividade por mais tempo seria "a morte do artista". E a guerra recomeçou, claro, com a Unita numa posição militar muito mais sólida do que alguma vez tivera antes das eleições.

O dr João Soares é um homem honesto, tout court; contudo, em honestidade intelectual não estamos nada bem, meu caro!

Então pelo caminho ficou o opositor de um dos candidatos? Olhe que não foi bem assim... um dos candidatos, retomada a guerra civil, viria a ser derrotado, sem apelo nem agravo, e a guerra só terminou com a sua morte (ao lado, com as famosas cuecas às risquinhas).

Quem o ler ainda pensa que, no calor das eleições, um candidato mandou os capangas matar o outro, assim, tipo Zimbabué... é essa a ideia que quer dar, assim à surrelfa, não é, dr Soares?

E, note-se, a guerra terminou de supetão, vendo-se, nos anos e eleições seguintes que a Unita, como partido político, representa muito pouco, da ordem dos 10% dos eleitores.

Convenhamos que é muito pouco quando, na campanha eleitoral de 1992 o seu chefão, discursando de camuflado e arma à cintura, mostrava um triunfalismo só comparável ao ódio que destilava contra os brancos, os mulatos e, em geral, todos os citadinos.

Pensaria o Muata que os discursos não eram gravados nem traduzidos?! Ou estava completamente confiante na vitória?

Mistério...

Enfim, graças à visita do Zé Eduardo, temos o João e a Maria Antónia de novo juntos para desagravarem o dr Savimbi tão vilipendiado, coitadinho, e irem lembrando as suas visitas à Jamba. Bons tempos, Maria Antónia; belos tempos, João...

Que belo trio, diria eu!

Os franceses talvez dissessem, simplesmente:

Qui se ressamble s'assemble...

RELIGIÃO E MORAL, COM DESIDÉRIO MURCHO

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Ora vejam:

"Talvez Jesus Cristo hoje dissesse aos mais altos dignitários de uma das sua igrejas para porem os olhos nos cristãos, que é onde se encontra a espiritualidade genuína. Afinal, foi precisamente isso que Jesus disse aos altos dignitários religiosos do seu tempo."

"Católicas praticantes e genuínas tomam a pílula e defendem o casamento dos homossexuais e dos padres, assim como o direito das mulheres a celebrar missa. Sofrem em silêncio as tolices da Igreja católica à espera de melhores dias."

"Quando se conta a história de Galileu, esquece-se que ele era um homem profundamente religioso - e obviamente mais religioso do que os palermas que o condenaram a uma ultrajante prisão domiciliária."

"(...) o casamento dos homossexuais, a pílula e o divórcio surgem assim tolamente como temas de suma importância religiosa e é claro que as pessoas que sentem ansiedades espirituais não pensam que estes temas tenham algo a ver com isso - e voltam-se para outras espiritualidades."

Realmente sempre me fez muita "espécie" a tineta que a padralhada tem com questões de sexo, como se a religião tivesse (e devesse ter) no sexo o seu centro, ortocentro e baricentro.

Read the man!

Sunday, March 08, 2009

CADÊ O CALVIN?!

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O Público anda a desiludir-me, carago.

Desde há uns dias, talvez mais de uma semana, a tira do Clavin & Hobbes desapareceu do topo a última página do caderno principal.

Da última págian da P2, a côres, ao domingo (ou sábado?), também desapareceu.

Explicações, que eu tenha visto, nada!

Se vos bater uma saudade, vão ao Depósito do Calvin e deliciem-se. Entretanto, deixo-vos a tira nº 541 para se entreterem.

ZÉ EDUARDO DOS SANTOS E A IMPRENSA PORTUGUESA

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Aleluiah!!!

O Público deve estar um bocado desgovernado para permitir a publicação de um trabalho sobre o Presidente de Angola que não é dominado pelas habituais referências ao autoritarismo, à corrupção etc, etc.

Realmente, a imprensa portuguesa tende a usar, em matéria de direitos humanos e corrupção pesos e medidas especiais para Angola, como se o facto de lá termos estado 400 anos desse àquela gente deveres especiais de honestidade, espírito democrático, etc.

Seria pelo "nosso" exemplo?

Bem, eu acho que o "nosso" exemplo foi muito bem seguido nas ex-colónias, Brasil incluído, no espírito do desenrasca, na cunha, na burocracia e - se não foi herança, a influência é inegável - na corrupção.

Na hipocrisia, ao menos, parece que não nos imitaram...

E, afinal, se os militares americanos no Iraque se abotoaram com uma percentagem muito considerável das centenas de biliões (isso mesmo, centenas de biliões, não é engano) de dólares das verbas para recontruir o país, se banqueiros portugueses, acima de qualquer suspeita (BCP, BPN, BPP, etc) se abotoaram com milhões e milhões de euros (não pensam que os negócios ruinosos se fazem para beneficiar os "outros" - pensam?!), por que raio seria de esperar que os militares e governantes angolanos não tivessem feito o mesmo, pelo menos, enquanto durou o embargo e as compras de armas se faziam em dinheiro vivo?!

A P2 publica hoje um trabalho sóbrio e objectivo, parece-me, sobre o Presidente Angolano que, sem negar os aspectos negativos que lhe imputam põe em destaque os méritos que lhe cabem.

Nomeadamente a pacificação da sociedade angolana, marcando uma clivagem nítida com a era Neto, mesmo tendo em conta que 20 anos do seu consulado foram vividos em guerra civil, uma guerra suja e irracional movida pelo sanzaleiro Savimbi.

Angola é um dos poucos países de África onde as instituições e a economia funcionam, onde as infraestruturas destruídas por anos e anos de estagnação (muito agravada pela guerra) estão a ser rapidamenre reabilitadas e expandidas, onde o sistema de ensino funciona e está em expansão, onde a economia está a descolar da dependência endémica do petróleo.

Onde estaria Angola se o Savimbi tivesse ganho a guerra e estabelecido um estado semi-tribal, violentamente anti citadino e anti europeu?

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Hoje é o Dia Internacional da Mulher, na liturgia dos tempos modernos.

Este é um tema recorrente neste blog, onde a situação da mulher no mundo (em Portugal, nos países islâmicos, no "seio do lar cristão", etc) tem tido o devido destaque e tem sido objecto de vários posts.

Não é que eu seja particularmente preocupado com questões de direitos humanos, actualmente um tema muito ligado ao politicamente correcto e aos profissionais da ajuda internacional - irritam-me particularmente o médico do BE da AMI e o totó do ex-cantor Geldof. Portanto, quero é distância!

A questão da mulher motiva-me do mesmo modo que me motivam a dos povos colonizados e dos escravos: são (ou eram) pessoas perfeitamente à mercê "do outro", sem nenhuma protecção efectiva e com toda a sociedade a olhar para o lado e a assobiar.

Há poucos meses, num programa de rádio (salvo erro o Contraditório, da Antena 1) quando um jornalista referiu que há uns anos a mulher casada precisava da autorização formal do marido para viajar para o estrangeiro, a colega jornalista (Inês Pedrosa?) soltou um espontâneo "a sério?! Isso era mesmo assim?!". Tadinha, tão burrinha...

É impressionante que mulheres adultas, normais e cultas (ainda por cima jornalistas) estejam completamente a leste do que se passava há menos de 30 anos com questões relevantes de género. Provavelmente estão a leste do que se passa agora...

Aqui vos deixo exemplos de posts neste blog sobre direitos das mulheres.

Clique aqui, mais aqui , ali , acoli, acolá, mais ali , mais lá (recomendo vivamente esta), ainda esta , aqueloutra e, finalmente, est'outra.

No programa O Amor É, do sexólogo Júlio Machado Vaz, falava-se hoje destas questões, a propósito do Dia Internacional da Mulher. Desgraçadamente, só ouvi os últimos 20 minutos, se tanto, mas deixo-vos aqui, com a devida vénia, alguns excertos que apanhei:

  • Amarra-se a mulher à casa e depois acusamo-la de não nos acompanhar...
  • As mulheres são os escravos dos escravos.
  • A História é a história da sucessiva usurpação do homem sobre a mulher tendo como objectivo subjugá-la e mantê-la subjugada.
  • Em meados do século XIX, numa conveção mundial contra a escravatura, todas as mulheres delegadas à convenção foram impedidas de entrar e tomar parte na dita.
... e uma tirada de um escrito da Prof Teresa Pizarro Beleza:
  • O casamento foi, até hoje, se excluirmos a prática da escravatura, a forma mais perfeita de domesticação e subordinação das mulheres.
E aqui vai, para terminar uma série de pontos que é interessante saber, para se perceber que no Ocidente, em particular em Portugal, a situação da mulher não é tão boa nem há tanto tempo como podemos imaginar:

1910 Cessa o dever de obediência ao marido;

1911 O direito de voto é confirmado só para homens ;

1913 Idem, mas têm que saber ler e escrever;

1931 Finalmente as mulheres podem votar ... desde que tenham pelo menos estudos secundários completos (para os homens continua a bastar saber ler e escrever);

1933 A Constituição consagra a igualdade de direitos entre homens e mulheres "salvas, quanto à mulher, as diferenças resultantes da sua natureza e do bem da família"; esta restrição, tão vaga, dava para tudo...

1959 A mulher portuguesa que casa com um estrangeiro pode (finalmente!) conservar a nacionalidade portuguesa (até aí, perdia-a automaticamente ao desposar um estrangeiro);

1967 Novo Código Civil: a família é chefiada pelo marido a quem compete decidir em relação à vida conjugal comum e aos filhos;

1969 Igualdade entre homens e mulheres, qualquer que seja o estado civil; nas autarquias, contudo, só os "chefes de família" podem ser eleitores (a mulher aí não tem direito de voto);

1969 A mulher casada é (finalmente!) autorizada a atravessar a fronteira sem autorização do marido; precisa de autorização do chefe de família, o marido, para levar os filhos;

1971 As mulheres estão proibidas de trabalho noturno;

1976 (2 anos depois do 25 de Abril) Abolido o direito de o marido abrir a correspondência da mulher;

1976 Fim da pena de morte para traição em caso de guerra com país estrangeiro - esta foi a verdadeira data do fim da pena de morte, e não 1848...

1978 (4 anos depois do 25 de Abril) Desaparece a figura do "chefe de família";

1987 Obrigatoriedade de prestação do serviço militar a todos os cidadãos; contudo, os do sexo feminino são dispensados daquela obrigação, podendo vir a prestá-lo a título voluntário, em moldes a definir;

1991 Passa a ser permitido às mulheres o serviço na Força Aérea em condições de igualdade com os homens "em determinadas categorias e especialidades";

1991 É permitido às mulheres candidatarem-se ao Exército em condições de igualdade com os homens;

A fonte é o livro que a figura mostra, de 1995. 13 anos depois, não existe nenhuma mulher general nem almirante...

Veja (oiça) Saíu para a rua , poema de Carlos Tê, por Rui Veloso.

Wednesday, March 04, 2009

FADO TROPICAL - A PROPÓSITO DO NINO...

A propósito da cena do far, far west, em Bissau, ouvi ontem e hoje as mais desencontradas versões, desde um senhor que me dizia que o Nino, nos tempos de "absolutismo" dos anos 80 tinha capado o extinto Chefe da Tropa, que agora foi duplamente vingado, até às habituais ladainhas de que a população da Guiné está agora muito pior que no "nosso" tempo... porque tinha um presidente sanguinário, déspota que mandou matar montes de pessoas.

E no "nosso" tempo, pergunto eu, espantado?!

É preciso ter lata, poça!

Ouçam o FADO TROPICAL do Chico Buarque D’Holanda e acompanhem com as imagens alusivas aos bons tempos coloniais; bons tempos para os apaparicados colonos, claro!

Enjoy e, por favor, sejam um bocadinho críticos quando alguém vos vem, de mansinho, defender os bons tempos em que milhões eram arrebanhados para trabalharem para o enriquecimento de uns quantos colonos, alapados numa terra que não era a deles, oportunamente "descoberta" pelos seus antepassados.

Mesmo que os beneficiados fossem uns gajos cheios de bom coração, uns tais colonos achinfalantes, libidinosos e bonacheirões, fazedores de impérios e de mulatas, como no fado do Chico, sempre prontos a aviar as negrinhas e a castigar os malandros, mesmo assim, não me digam (por favor!) que ser criado, sem perspectivas de deixar de servir o senhor até cair de velho, é vida digna de ser vivida.

Acham que é?!

Dou-vos música, que não é nada mau!

Para além do Fado Tropical, ouçam também o Tanto Mar, também do Chico, no que penso ser a versão original, ou próximo.

"Sei que estás em festa, pá, fico contente; enquanto estou ausente guarda um cravo para mim..."

E aqui a versão completa do Fado tropical, se bem que com a sífilis cortada...

Oh, musa do meu fado oh, minha mãe gentil

te deixo consternado no primeiro Abril

mas não sê tão ingrata não esquece quem te amou

e em tua densa mata se perdeu e se encontrou

ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal

ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"sabe, no fundo eu sou um sentimental

todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da sífilis, é claro)

mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar

meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga alecrins no canavial

licores na moringa um vinho tropical

e a linda mulata com rendas do alentejo

de quem numa bravata arrebato um beijo

ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal

ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"meu coração tem um sereno jeito e as minhas mãos o golpe duro e presto

de tal maneira que, depois de feito desencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peito é que há distância entre intenção e gesto

e se o meu coração nas mãos estreito me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta ostento a aguda empunhadora à proa

mas o meu peito se desabotoa

E se a sentença se anuncia bruta mais que depressa a mão cega executa

pois que senão o coração perdoa..."

Guitarras e sanfonas jasmins, coqueiros, fontes

sardinhas, mandioca num suave azulejo

e o rio amazonas que corre trás-os-montes

e numa pororoca desagua no tejo

ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal

ainda vai tornar-se um imenso Portugal

ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal

ainda vai tornar-se um império colonial...

RAIO DE PEN DRIVES...

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Mão amiga fez-me chegar esta preciosidade, para sermos mais complacentes com a capacidade da pen de 8 Gigas que comprámos há seis meses e que que se vai revelando piquena.

O disco rígido (bué da rígido, man!) que a figura mostra tem mais de 50 anos e armazenava a espantosa quantia de 5MB!!!

... mas há menos de metade desse tempo um disco de 40MB era uma coisa do caraças, comparado com os (então) correntes Seagate de 20MB.

ESCRITO LAPIDAR - O FEDOR...

Já lá dizia o Eça (segundo o meu amigo João - vendo-a como ele m'a passou):

"Os políticos e as fraldas devem ser mudados

frequentemente e pela mesma razão"

Tuesday, March 03, 2009

ESCOLA E EXCLUSÃO SOCIAL, COM DESIDÉRIO MURCHO

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Desidério Murcho ataca a questão dos cursos profissionais, criados como alternativa de formação para alunos mal sucedidos; contrariamente com o que se passava com os cursos tecnológicos, esta "solução" não permite uma progressão paralela ao ensino "normal", impedindo que os estudantes acedam à Universidade.

No fundo é um beco para onde se entra sem se encontrar saída.

Três excertos:

...(O facto de o número de inscritos em cursos profissionais ter passado de 3.676 em 2004 para 54.899 em 2008) "não é um sucesso porque os actuais cursos profissionais promovem ainda mais evidentemente a exclusão social do que os seus silenciosamente abandonados antecessores, os cursos tecnológicos."

..."Temos assim uma mentira política brilhante: mantêm-se os alunos na escola sem que na realidade estejam na escola."

"A escola tem que aprender a ensinar os jovens provenientes de famílias culturalmente carenciadas. Desistir de o fazer por ser difícil é uma perversidade inaceitável."

Read the man!

Monday, March 02, 2009

CASAMENTO, HIERARQUIA DE GÉNERO E INSTITUIÇÃO FAMILIAR - TERESA P. BELEZA

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Conforme prometi esta manhã, aqui vos deixo um texto absolutamente notável da Professora Teresa Pizarro Beleza sobre o casamento entre homossexuais e não só.

Para quem nunca tenha reparado na irmã mais nova da Leonor Beleza, a mais low profile do grupo, clique aqui. Formada em Direito, criminologista e professora de Direito Penal, deu nas vistas há uns 15 anos quando se doutorou com uma tese com o título algo bizarro de "Mulheres, Direito, Crime ou a Perplexidade de Cassandra".

Para vos aguçar o apetite, deixo-vos algumas frases pescadas a vol d'oiseaux:

  • O casamento foi, até hoje, se excluirmos a prática da escravatura, a forma mais perfeita de domesticação e subordinação das mulheres.

  • A abertura do casamento a casais do mesmo sexo é também uma via da sua manutenção e de reforço da Instituição familiar tão cara a tanto discurso e a tanta doutrina.

  • A seguir (ao casamento gay), dizem os alarmados cidadãos moralizadores, virá a adopção, a perfilhação, a filiação. Mas é claro que virá, isto é, por acaso até já veio. E por que não haveria de vir?

  • Quem deu à Psicologia a autoridade científica para estar tão segura da bondade da tríade pai-mãe-filho?

NÃO PERCAM.

Sunday, March 01, 2009

AUGUSTO CID E O GUARDA DA CAIXINHA

Depois de todo o jornal, revista, blog, cão e gato terem publicado a foto da controvérsia, eis que o impagável Cid se sai, no Sol de sábado passado, com este magnífico cartoon: o guarda da PSP (com a cara do Sócrates) de guarda à caixinha, orígem do mundo.

Magnífico!