Sunday, June 28, 2009

O COPEJO DO ATUM

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Uma imagem que me ficou da escola, um misto de aventura, coragem, adrenalina, etc e tal, foi a do copejo do atum (veja um texto interessante aqui).

O texto e as fotos (a preto e branco - era o que se usava no "meu tempo" e tinha a vantagem de não mostrar a água tinta de sangue que o texto referia) e o texto descreviam o trabalho das armações que armadilhavam o trajecto dos cardumes, apanhavam-nos num paralelipípedo de redes presas aos barcos.

Os barcos iam fechando o cerco, o fundo da rede ia subindo até que restava uma piscina com poucos metros de profundidade onde se concentravam os atuns, que nadavam velozmente rente aos barcos, donde os pescadores os arpoavam e iam paulatinamente puxando para dentro.

A parte da adrenalina vinha quando alguns pescadores mais jovens e mais destemidos (os atuns maiores tinham, naqueles tempos, à volta de um metro e meio - e mais) saltavam para a água, nadavam entre os peixões e chegavam a cavalgá-los, num verdadeiro rodeo que terminava, por via de regra, com o peixão a ser esfaqueado e puxado para dentro dos barcos.

Isto não tinha nada de mais até porque o intuito da arte era mesmo a captura dos atuns, não para os meter, vivos, em aquários ou outra estravagância moderna, mas para os matar, esquartejar, preparar, enlatar ou enviar para o mercado do peixe, inteiros ou em postas.

O destino final era, claro!, a frigideira ou o tacho.

Normalito, portanto, e nunca reparei que algum colega de carteira ficasse impressionado com a cena...

O que o Zé Antº Saraiva nos traz na Tabu, suplemento do SOL, deste sábado, sob o título de A matança dos inocentes, não é o copejo do atum mas a matança do golfinho, nas ilhas Faroe, onde aqueles mamíferos proliferam e constituem um valente bico de obra para os pescadores.

Parece que é um costume local a rapaziada, uma vez por ano, fazer uma razia entre os simpáticos e vorazes mamíferos, e é contra esse hábito que o Zé Antº Saraiva perora, em duas páginas de texto e imagem, nas quais predomina o tom vermelho da sangueira dos bichos.

Por qualquer motivo que me ultrapassa completamente, o golfinho é considerado por espíritos mais sofisticados e amantes dos bichinhos, como uma espécie de primo do homem, deixado na água pelo combóio implacavelmente apressado da evolução, primo que nos devemos abster de comer ou de meter em circos - excepto nos que forem geridos pelos tais espíritos sofisticados que tratam os bichinhos como sócios ou coisa parecida. Até lhes pagam um salário em peixes, açucar e festinhas que deixam os nossos primos tão felizes e contentes que insistem em voltar a actuar para o público para lhes ser renovado o salário tão generoso.

Em resumo: o Zé Antº Saraiva considera os dinamarqueses uns selvagens em cujo toutiço não se atenuou o espírito vicking de pirata sanguinário: para além de gozarem com o profeta têm a audácia de matar golfinhos. Grandes malandros!!!

Espero que, ao menos, a rapaziada coma a chicha dos bichos pois parece que os bifes de golfinho que se come na costa norte da Madeira (à socapa, claro) são muito, muito saborosos!

Vai uma febra?

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