Saturday, January 03, 2009

FADISTA JAPONESA NO VELHO PÁTEO DE SANT'ANA

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Há umas semanas fui ao jantar de aniversário do meu amigo Carlos, no Restaurante do Velho Páteo de Sant'Ana e, para minha agradável surpresa, um dos fadistas que actuou foi uma japonesa.

A dicção ainda tem muito a melhorar, mas canta o fado com muito sentimento e com a cadência e entoações típicas das fadistas tradicionais. Cantou dois fados "antigos", o que me agradou particularmente, a mim que me chateiam solenemente os fados modernaços com letras rebuscadas, tipo Ary dos Santos e outros cromos do género.

Não posso dizer que a generalidade da sala tenha apreciado, mas os aplausos não foram menores que os dispensados a outros dos fadistas que actuaram.

O fado sofreu um grave revés com a subida ao poder da cáfila dos esquerdalhos e desertores, que viam (ainda vêem) em tudo o que era moda no "tempo do fascismo" sinais indesejáveis de saudosismo, quando não de espírito direitista e de révanche...

O fado, a revista, a Académica de Coimbra (substituída por um insípido e efémero Académico...), a Igreja, o futebol, os touros, etc, etc, estiveram na mira dos inquisidores dos primeiros anos pós 25 de Abril.

Tendo resistido a essa cáfila estuporada, o fado conseguiu despertar o interesse de artistas jovens (intérpretes, letristas e compositores), faltando-lhe agora uma certa internacionalização para deixar de ser uma canção simplesmente lisboeta. Muito boa gente prefere ter o fado solidamente ancorado a Lisboa; até ao fado de Coimbra, certos "puristas" se referem como "canção" de Coimbra, pois, para eles, fado só pode ser de Lisboa.

No Japão parece ter nascido e estar a desenvolver-se um saudável interesse pelo fado não apenas nas vozes de portugueses mas também nas vozes de artistas locais que até aprendem português para compreenderem o que cantam e vêm a Portugal para mergulharem no meio fadista e lhe apanharem o jeito e o sentimento.

Vejam alguns exemplos aqui, acolá, ali, acoli e mais ainda aqui. No acompanhamento, a viola e a guitarra não vão nada mal! Só em instrumental, vejam estas interpretações da Gaivota e do Tudo Isto é Fado, com Masahiro Iizumi na guitarra portuguesa.

Já encomendei o CD que a fadista gravou e daqui lhe envio um abraço de incentivo.

Que o ANO NOVO de 2009 lhe traga os sucessos, cá e lá, que procura e merece!

2 comments:

Anonymous said...

Muito obrigada pela sua gentileza.
Portugal e muito longe daqui Japao,mas cuando canto o fado fica mais perto.
Adoro o fado vivo na alma do seu povo Portuguese.

Marques Correia said...

Cara Hideco Tsuquida,

Não é gentileza é justiça! A Hideco canta como uma verdadeira fadista e a qualidade das suas interpretações e do naipe de instrumentistas que a acompanham não ficam a dever nada a casas de fado Lisboetas.
Parabéns!