Tuesday, April 29, 2008

Vai tudo no mesmo saco???!!!

Há poucos dias li sobre um inquérito feito nos States em que os inquiridos opinavam sobre a pena a aplicar a pedófilos: a esmagadora maioria "ficava-se" pela prisão perpétua a qualquer pedófilo. Os mais entusiastas "mandavam-se" para duas penas de morte!

Não me espanta tanta falta de imaginação: entre os meus amigos e outros próximos mais chegados predomina a ideia (?) de que um pedófilo é um ser horroroso que só não leva com a pena de morte em cima porque os meus virtuosos amigos e próximos mais chegados não são adeptos dessa bela forma de evitar reincidências e outras formas de persistente contumácia, Mr Pleonasmo que me desculpe.

A mim, não espanta (antes pelo contrário) que o Hitler possa muito bem ter sido um excelente colega de mesa e sabe-se lá de que mais, o que não o impediu de ser "pouco simpático" com os judeus, ciganos e outras minorias incómodas e de mau porte, como diria o saudoso conde de Lippe.

Espanta-me, sim, que um tipo seja tão cego, tão estrábico (... tão burro!) que não seja capaz de escalonar qualquer crime, qualquer comportamento "esquisito", de modo a dimensionar uma pena em função da gravidade do crime.

Parece-me óbvio que violar e estrangular uma criança é muito mais grave do que convencê-la (com arte, papas e bolos...) a deixar-se sodomizar, sem violência.

Por sua vez, menos grave do que isso será dar uma nota de cinco euros e mais uns rebuçados a um puto de doze anos para que ele deixe que o velho pedófilo lhe faça um bóbó. Beira Alta, salvo erro, cinco anos de choça, quase o dobro do "casal" que matou uma miúda (enfiando-lhe aguardente no bucho) para ela não interferir nas copulações, felações, enrabações e outras relações, sobre a mesa da cozinha. Sinal claro dado pelos doutos juízes:

é mais grave fazer um bóbó a um puto do que matar uma miúda...

E, menos grave do que isso, é ter um computador cheio de fotografias de putos nus, em poses "motivadoras", sem nunca ter tido a coragem (ou o que quer que tenha faltado) para aliciar algum alfenim a chegar a vias de facto, no remanso acolhedor de um motel de terceira classe.

Por sua vez, menos grave que isso será tudo se passar dentro da cabeça do pedófilo, num mundo de sonhos e devaneios. Será este (ainda) um pedófilo?

E que dizer duma puta que avia um cliente de 13 anos, levado (quem sabe?) pelo tio, para se iniciar nas galantes lides da alcova? Quem (da minha geração) não sonhou que uma tia mais nova, ou uma prima mais velha, ou a sopeira (ou, supremo prazer: uma professora "amiga") se dignava a dar-nos uma balda (sshhhhhh, não digas nada a ninguém está bem?!)? Quem?!

Hoje, a puta que nos iniciou seria, certamente, considerada uma terrível pedófila que terá traumatizado imenso (ahahahahah!) um rapazelho de quem abusava (!!!) e a quem (ainda por cima!) levava dinheiro.

Nunca percebi a fixação que a padralhada tem com o sexo (entenda-se: em regular o sexo alheio); muito menos percebo que pessoas "normais" funcionem como atrasados mentais quando entram em cena crimes sexuais, em particular sobre crianças.

É tudo o mesmo?! Tudo prisão perpétua?!

QUADRÚPEDES!!!

9 comments:

mac said...

Parece-me que o problema não é no escalonamento. É na recusa em ser menos duro com quem faz coisas horrorendas lá porque há quem faça ainda pior...

Tudo prisão perpétua? É natural. Se para um crime se considera que a pena justa é a perpétua, que se faz a quem comete um crime maior? Prisão perpétua com tortura?... Para mim não. Nem ser mais tolerante com o primeiro porque o segundo fez pior. Se não posso dar uma pena mais dura que a perpétua, seja a perpétua para os dois, injusto por defeito para o segundo mas que se lixe, é por defeito e ele não ganha grande coisa com isso. O mais longe que vou é, depois do tipo morrer, cuspir-lhe nos ossos.

E lá por haver doutos juízes que são umas bestas e consideram que matar a mulher tem atenuantes porque ela não fez o jantar, acho que isso não torna errado o meu escalonamento nem me deve influenciar na pena que acho justa.

Marques Correia said...

Pois...
Só que não vejo nenhum escalonamento na tua conversa e até me parece que também achas que dentro da pedofilia só há coisas horrendas, logo passíveis de duras e drásticas penas.
Isso é abordar a questão pela janela: chegas ao mesmo ponto que os "sábios" americanos que, entrando pela porta (ou pelo telhado?), acham que para a pedofilia (o que quer que pensem quando dizem tal palavra) só há uma pena: a prisão perpétua.
. . . . . .
Então uma pêga que avia um puto de 14 anos, que a procura de notas na mão, é uma perigosa pedófila que merece a prisão perpétua?!

mac said...

Não. Mas o/a gajo/a que avia um puto de 5 anos sim. O outro gajo que além aviar o puto a seguir o corta aos bocadinhos e dá ao cão, merecia pior; mas como a pena máxima que subscrevo é a perpétua... Seja a perpétua também para ele.

Fátima Santos said...

vós oh!gentes! o que pretendeis é que a Justiça do homem seja justa (e nem pleonasmo, apenas acentuo) ora que grave erro cometem assim esperando que de trilhos vários é feita a vida e de momentos, circunstâncias (contextos se diriam)
É ela feita de gentes que cada uma é uma e muitas, apenas una se educada, querendo eu nisto dizer, se aprendidos valores, regras, algos que lhe façam, em cada circunstância, discernir do que deve ou não fazer.E dito assim parece (-me) tudo enquadrado que ao pedófilo, é dele que se trata neste "debate", lhe teria faltado a regra; mas pode acontecer que seja ele instruido em regra outra que consubstancie a entrega do filho, sobrinha, vizinho ou neta às delícias, ou ao castigo conforme fosse a prédica seguida. Pois que vedes que em nossa sociedade se misturam, digo sem mais certeza que a vossa opinativa escrita,ancestrais e variadas aprendizagens que permitem a uns seguir a regra que prediz " não farás enrabamento em crianças, não sexualizarás com menores de x anos" porque o "não matarás" é regra de um ror de anos - enquistou na maioria deles- nessa a dúvida não pesa tanto: perpétua ou muitos anos ou, se for o caso, morte. O crime (dizemos nós) ditos pedófilos, é coisa que arrepia (-me) porque feito em agressão do mais mais fraco; que faz bárbaro e crime: o meter o coiso? ou o fazer disso castigo? fazê-lo em segredo que leva ao medo, à submissão?
Fico sempre embasbacada por ver tão fora da barra de tribunais, pedófilias de mulheres: meninas "enrabadas" por mestras, vizinhas, mamãs? onde andam? que não é menos pedófilia essa!! alguém que se serve sexualmente(e está aí o ponto) do mais fraco em proveito próprio e em medo (importante!)
Uma porra esta em que vocês me metem.
Mas de uma coisa estou certa, há casos que estão à vista, não há dúvidas que fulano (fulana como disse é rao) maltratou sexualmente em seu proveito e contra vontade, ou subjugando vontade, e etc. criança; nesses faça-se a Justiça que temos sem mais medida que o fim da escala. Tortura e morte juntas ou apenas uma é perpétua sem atenuantes népias(e creio ter dito antes que entendo a escala de valores e ou a não existência deles ou outros factores que em alguns seres impedem que actue a razão, as regras, os ensinamentos...
Não me interessa saber deles senão para perceber o ser humano, ou pretender. Não me interessam saber de atenuantes por mais pena que tenha, e penso nelas sempre, das mães de cada um deles)

Marques Correia said...

Mac, continuas a fugir ao dever de discernir (coisa que o homem tem o poder - e o dever - de fazer; o cavalo, se calhar, menos...). Falas do gajo/gaja que avia um puto de cinco anos. OK.
Para ti é tudo igual: um tipo que viola (enraba, entenda-se, à força) e a tipa que com papas e bolos leva o miúdo a permitir que ela lhe faça uma mamada.
Os danos são iguais? A violência é igual à ausência dela? Não me digas!
MCorreia, tocas num ponto que, para mim, é fundamental para o escalonamento das penas: a existência ou não de violência, a existência ou não de consentimento.
Claro que o consentimento de um menor não desculpa o abusador, mas torna o acto muito menos traumatizante, muito menos grave que se for perpetrado com violência, contra a vontade do abusado.
Compreendo os espíritos sensíveis a quem repugna pensar (com a cabeça) sobre estas coisas.
Até porque está na moda a tal inteligência emocional (que recicla patetas em gajos do caraças), les braves gents preferem dizer-se horrorizadas e receitar penas máximas a eito enquanto olham pudicamente para o lado...
. . . . . . .
Valham-nos os juízes, que com muito erro pelo meio (são pesoas como nós, verdad?!), lá vão tentando perceber cada caso, compará-lo com outros quejandos, escaloná-los e aplicar-lhe a receita mais adequada.

mac said...

Não, os danos não são todos iguais e não é o mesmo violar um puto à força bruta ou convencer (Mmmmm… Com que argumento? Terreno pantanoso, mesmo muito pantanoso...) um puto a fazer, ou a deixar fazer, qualquer coisa.

O que digo não é isso: o que digo é que a partir de certa altura, ainda que o crime não seja o mesmo, nem tenha as mesmas consequências, nem seja da mesma gravidade, já não posso aumentar a pena.

Claro que consigo escalonar mas a partir de certo ponto é só na gravidade do crime, não na pena. Se para o crime "A" eu considero justa a pena máxima, quando me aparece o crime "A+" - que é mais grave, na minha escala - eu tenho de o condenar à mesma pena simplesmente porque não tenho uma maior. Mas não estou disposta a dar uma pena mais pequena a quem só (!) fez “A”, para depois poder punir com maior gravidade quem fez “A+”; acho que isso também não é justiça. E injustiça por injustiça, prefiro ser injusta por defeito com o gajo do A+, como disse antes.

Isto não é uma incapacidade de distinguir entre coisas diferentes; é apenas reconhecer que não estou disposta a ultrapassar um certo ponto de punição mas sem que isso me faça menos severa para quem só (!!!) lá chegou. Chegou? Tem 20. Ultrapassou? Azar, também tem 20.

Marques Correia said...

Já tinha percebido.
O convencer é apenas uma maneira de dizer que foi sem violência, variando o método com a imaginação do abusador e com o que o abusado deseja a ponto de alinhar no "negócio". Disse e repito que isso, convencer um menor, não desculpa o abusador mas acho que faz imeeeeeeeensa diferença (no trauma, na culpa, no castigo).
Não percebi ainda a que nível está a fasquia a partir da qual, para ti, só há pena máxima. Qual é essa pena máxima parece-me irrelevante para esta questão; é uma outra discussão (pena de morte, sim ou não; prisão perpétua, sim ou não; 28 anos não, 25 sim, etc, etc).
Não vou recomeçar a exemplificar, mas não deixo de te dizer que no "fazer qualquer coisa" há um mundo, que vai de uma carícia (das que o menor nem percebe, principalmente se é muito menor) até ... tudo o que se possa imaginar de mau.
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Concluo: a recusa em pensar, em analisar, em tentar perceber (mesmo motivada por uma genuína náusea) não abona nada quem a assume.

mac said...

Para a questão, a minha fasquia é tão irrelevante como a pena máxima existente, dou-te toda a razão quando dizes que isso é outra discussão.

Eu só queria explicar porque é que não acho quadrúpede, burro, preguiçoso, cobarde ou mentecapto, aplicar a pena máxima - seja ela o que for - a crimes diferentes na sua gravidade...

Marques Correia said...

Posso ser quadrúpede myself, mas não percebi (ou não explicaste) o mérito de se aplicar a mesma receita ao 8 e ao 80.
Poderia compreender, se a receita fosse escalonada do 8 ao 60 (por aí) e a mesma do 60 ao 80, mas nunca compreenderei (a menos que me expliquem devagarinho) que se escalone do 8 ao 12 e se aplique o máximo dos 12 aos 80. Será apenas por preguiça que encolhes tanto o intervalo para escalonar os "crimes"?
Pelos exemplos que referes (e referes muito pela rama) diria que escalonas de 8 a 10 e que de dez a 80 vai tudo pela mesma medida.
E isso é que eu acho mal (para amenizar a linguagem...) por ser (muito) injusto para com o horrendo criminoso e ocioso para o horrorizado e impoluto cidadão julgador.
. . . . . . .
A tua fasquia, como marca a partir da qual te recusas a escalonar é tudo nesta discussão já que tudo o mais me parece esclarecido.