Tuesday, September 12, 2006

Ainda a bomba de Hiroshima...

O Expresso do passado sábado trazia a habitual Pluma Caprichosa, coluna da cabecinha loira que dá pelo nome de Clara Ferreira Alves (CFA).

A dita senhora, capaz do melhor e do pior (conforme o vento sopra), faz-me lembrar a Lili (ou Lilith) do impagável Código de Avintes, que era uma burra morena que se disfarçava de loira burra para não a identificarem com a morena inteligente por quem se tomava.

A nossa CFA nem sempre deixa perceber qual das três hipóteses lhe assenta melhor. Dou de barato que seja uma loira inteligente, mas com muitas dificuldades...

Bem, a senhora usava a dita Pluma para listar, comparar e misturar diversos crimes de guerra, de paz e assim assim, o holocausto, as bombas de Hiroshima e Nagazaki, o 11 de Setembro, vai buscar o Vietname, etc, etc.

Sobre as bombas com que os States pararam a guerra "na hora" a senhora, ignorando olimpicamente que havia uma guerra going on, chega a dizer que foi uma vingança dos americanos pelo ataque a Pear Harbour...

Aparentemente para compor o ramalhete, lá aparece o ataque com bombas de fósforo a Dresden como se a destruição daquela cidade alemã mais as duas citadas japonesas não se integrasse perfeitamente na estratégia de guerra seguida pelos aliados para quebrar a economia e o moral dos Alemães e Japoneses. Afinal, a mesma estratégia seguida pelo Reich para quebrar os ingleses, ao bombardear Londres no início da guerra, enquanto lá podia chegar e, mais tarde, descarregando sobre a cidade as V1 e V2, atiradas de bem longe.

Boa ou má (por algum motivo os ingleses marginalizaram o responsável por esta estratégia seguida pela RAF... depois dela ter tido sucesso, claro!) boa ou má, dizia eu, esta estratégia, numa guerra total, faz todo o sentido e continua a ser usada. Como é sabido (enfim, admitamos que sabemos mesmo alguma coisa disto), os mísseis americanos e russos estão apontados às cidades "inimigas" e não apenas a bases de mísseis, barragens, etc. Aliás, após o primeiro ataque, qualquer base terá tempo de lançar os seus mísseis, em retaliação contra as cidades "inimigas", antes de ser destruída. O que torna essa destruição, base vazia de mísseis, uma perda de "preciosas" ogivas que poderiam ter sido aplicadas (onde?) em cidades, pois claro...

A política de dissuasão com base na capacidade de aniquilação total do inimigo (o equilíbrio pelo terror) só faz sentido se estiver em jogo muito mais que meros equipamentos, que estariam obsoletos, em grande parte, na década seguinte.

Não é preciso conhecer muito dos últimos dois anos da guerra no Pacífico nem ser perito em cultura japonesa, para perceber que o Japão nunca se renderia sem um "empurrão" dramático e resistiria até com paus e pedras à invasão das suas quatro ilhas principais. Iwo Jima e Okinawa foram amostras inequívocas do que esperava a tropa americana, mas também a tropa japonesa e a população apanhada "no meio".

O uso da bomba atómica foi, de longe, melhor opção que a continuação da guerra. Resta saber se o seu uso em cidades menores não teria tido o mesmo efeito no terminar da guerra...

.........

PS: Hiroshima e Nagazaki eram mesmo "cidades menores"; acima de Hiroshima, muito maior que Nagasaki, em população, havia, pelo menos, Tóquio, Osaca, Kobe, Nagoia, Yokohama e Quioto, talvez Sapporo e Kitakyusyu. E afinal, para parar a guerra com um Xeque Mate, a escolha óbvia teria sido Tóquio, com o pequeno óbice de poder não ficar ninguém credível para assinar a rendição...

2 comments:

Fátima Santos said...

e a isto chamos eu uma lição de estratégia militar/política e imagino, de imediato o mano mais uns companheiros debruçados sobre um mapa picando de cores variadas os "alvos" na honrosa missão de tomar uma opção por um método que "apenas" atinja directamente (digo eu!) uma "cidade menor"! Adorei! assim até entendi muito melhor o post anterior. Quiçá, o alvo dos aviões, atingindo "apenas" os prédios, tenha sido bem escolhido por se verificar uma alvo menor, ou não será assim face aos objectivos dos alKaedenses ou lá de quem se amandou! ah! não era intenção, aqui, acabar com uma guerra?!
é que eu sou mesmo loura e emburro - nem percebo, nem quero perceber!

Fátima Santos said...

mas eu não consigo!
dizias tu: "Com Bush ou sem ele, com Iraque ou sem Sadham (com Israel ou sem Palestina) tenho em muito má conta a malta que, talvez por falta de coragem para enfrentar os seus inimigos, matam gente que vai trabalhar (de combóio ou metro, em Espanha, na Inglaterra ou na Índia) ou que está a trabalhar, ou a divertir-se (coisa muito mal vista entre a irmandade do turbante...).
Estes briosos combatentes suicidas são como o marido corneado que, não tendo atributos para sovar quem o corneou ... mija-lhe no sapato."
Oh! homem e que dizes tu dos homens/mulheres colocados nos seus gabinetes, de campanha ou outros, estudando estratégias ou dos outros aplicando tácticas (que podem passar por queimnar uma data de casas (palhotas, eu disse isso?!)ou ir deitando umas bombitas de napalm, ou colocando umas anti pessoais, ou arrasando uma cidadezita menor com uma ogivazita nuclear?! ou vendendo armas! essa! vendendo armas!!!estes são diferentes? não dizes deles que "talvez por falta de coragem para enfrentar os seus inimigos, matam gente que vai trabalhar" ? Não são eles também uma corja DE BANDIDOS e não será que "desgraçadamente uma boa parte da intelectualidade do mundo ocidental olha esta corja de BANDIDOS e não como desgraçadinhos que estão a lutar contra aquilo a que chamam "o Império", constituindo-se numa espécie de quinta coluna que, se não esconde explosivos nem acoita bombistas, dá-lhes, ao menos, um suporte "moral" perfeitamente imerecido."?
Mas onde raio ando eu confusa, explicas-me ...um dia?!!!!!!!!