Saturday, February 05, 2005

CADÊ O "CHOQUE ENERGÉTICO"?

Com a pré campanha a chegar ao fim, já todos os partidos apresentaram os seus programas, lançaram os seus manifestos de campanha, apresentaram as medidas prioritárias para o próximo Governo tomar.

Sobre a questão da energia pouco ou nada se tem falado.

Dou de barato que ela estará tratada com detalhe, enterrada no meio das centenas de páginas dos programas dos partidos. Mas constato que não tem sido tratada como coisa que valha a pena trazer à televisão, à rádio ou aos jornais, ou seja, a entrar na lista das coisas prioritárias.

E a questão é das mais importantes: a nossa principal importação é energia. Não tanto em electricidade, mas principalmente em petróleo e gás natural, uma boa parte dos quais se destina à produção de energia eléctrica e a aquecimento.

A fatia destinada a energia eléctrica poderá ser reduzida substancialmente se completarmos (as is ou com alterações) o plano de construção de barragens. Só que, para isso, teríamos que relativizar muito dogma, teríamos que deixar de encarar os gurus da ecologia como detentores de toda a verdade. Teríamos que responder a questões incómodas como "será que manter o Sabor em estado selvagem vale os milhões de contos que a construção da barragem permitiria poupar?".

Os gastos com energia poderiam também ser reduzidos se se apostasse a sério na energia eólica. Também nesse campo teríamos que comparar o valor da beleza da natureza selvagem com o benefício da produção de energia, desfeiando a paisagem com torres e mais torres de aerogeradores.

Quanto à energia para aquecimento, continuamos a não aproveitar sequer o sol para aquecer água! A colocação de painéis solares, dos mais simples, só para tomar banho e lavar loiça, é barata e permitiria poupar milhões de euros em importação de gás.

Por outro lado, a construção de barragens e de parques eólicos proporcionaria largos milhares de empregos, directos e indirectos. Estes últimos poderiam ser maximizados caso fossem dadas facilidades ao estabelecimento no país de empresas que construíssem os aerogeradores e, já agora, os painéis solares. Não falo de facilidades fiscais: apenas facilidades burocráticas.

Já houve casos de empresas que se propunham construir aerogeradores em Portugal e que acabaram por ir para Espanha porque os "processos de licenciamento" (o que quer que isso seja...) se arrastaram por anos e anos, com várias agências e ministérios a terem que dar o sim, todos eles com prazos de meses para emitirem o seu competente (?) parecer.

Desgraçadamente para este nosso país, a única barragem que tem sido falada na pré campanha é a de Odelouca, por causa da seca que ameaça o fornecimento de água às cidades algarvias.

Ou seja, por puro oportunismo político.

É preciso lembrar que assim não vamos lá?

1 comment:

Anonymous said...

Com o país a passar pela pior seca desde há muitos anos, as barragens estão com muito pouca água mal dando para o abastecimento das pessoas, quanto mais para o regadio e para turbinar.

Resultado, a importação de petróleo, cada vez mais caro, para as centrais térmicas nacionais disparou, bem como a importação directa de electricidade. A onda de frio que já dura há duas semanas só tem contribuído para ajudar à missa.

Será que o novo governo vai "olhar para isto" com olhos de ver e perceber que as barragens, além de ajudarem a cortar a conta do petróleo, servem também para armazenar água (estarei a inventar a roda?!) para abastecimento da população e para "animar" perímetros de rega.

Até quando os governos vão ter medo da demagogia barata dos (pseudo) verdes, inimigos jurados das barragens?